quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

S o l i d ã o a c o m p a n h a d a

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F e s t a .
A m i g o s , f a m í l i a , c o n h e c i d o s , e s t r a n h o s .
C a s a c h e i a .
P o r m a i s c h e i a q u e e s t e j a a c a s a o q u e m e p r e e n c h e é u m v a z i o e n o r m e .
E s t e s e n t i m e n t o n i n g u é m m a i s o s e n t e , s ó e u o s i n t o : s o z i n h o .

A m o r .
R e c i p r o c i d a d e .
T e n h o c e r t e z a q u e a m o .
E l a t a m b é m t e m .
N o s s a s c e r t e z a s s ã o d e c a d a u m d e n ó s .
N o s a m a m o s s i m . . .
S o z i n h o s .

D o r e s e s o f r i m e n t o s .
F a l o , e x p l i c o , e s c r e v o , m e e x p r e s s o d e t o d a s a s m a n e i r a s q u e a s p a l a v r a s m e p e r m i t e m .
N ã o a d i a n t a .
A r e a l i d a d e e m q u e v i v o é s ó m i n h a .
M i n h a v i s ã o d o m u n d o s ó e u t e n h o .
Q u e m s e n t e a d o r e q u e m s o f r e s o u s ó e u , e u s o z i n h o .


S o z i n h o .


Me es p a n t a c o m o a i n d a s e e s p a n t a m a s p e s s o as c o m a m e r a p o s s i b i l i d a d e d a s o l i d ã o .
T ê m m e d o d e i m a g i n a r q u e n a v e l h i c e p o d e m f i c a r s o z i n h o s , s e m p e r c e b e r q u e s o z i n h o s s e m p r e e s t i v e r a m .
I l u s ã o é p e n s a r q u e p o r s e e s t a r a c o m p a n h a d o n ã o s e e s t á s ó .
S o z i n h o d e s p e r t e i p a r a o m u n d o e s o z i n h o m o r r e r e i .
N ã o r e c l a m o .
S e m p r e p e n s e i : A n t e s s ó d o q u e a c o m p a n h a d o .
A g o r a n o m e u q u a r t o e s c u r o , e s c r e v o .
E m c a s a, n i n g u é m .
E m e s m o q u e h o u v e s s e , e s c r e v e r h o j e é u m a m a n e i r a d e t r a d u z i r e m p a l a v r a s a s o l i d ã o d e u m a r e a l i d a d e q u e é s ó m i n h a .
N o e n t a n t o , s e p o r u m m o m e n t o m e u t e s t e m u n h o s o l i t á r i o f a z t o d o s e n t i d o p a r a v o c ê , a c a b o u a m i n h a s o l i d ã o .
A g o r a n ã o e s t o u m a i s s o z i n h o , e s t o u a c o m p a n h a d o ,
A c o m p a n h a d o p o r v o c ê .

Elogio a Inri Cristo


Louco, louco, muito louco, isso eu gostaria de ser.
Insanidade é uma virtude.
E eu falo aqui da loucura roots, e não dessa loucura neurose pré-pós-moderna de Nietzsche e Freud.
Na loucura reside sempre originalidade, isto é inegável.
Através da originalidade dos loucos muito já se criou.
Sorte da humanidade que os condena.

Loucura é autenticidade:
Louco é o que é.
Ponto.
Não sabe se isso é bom ou ruim, mas assim é.
O que os outros acham do que se é?
Foda-se.

Insanidade é intensidade, é inconseqüência.
Louco faz o que tem vontade, na hora que tem vontade e com muita vontade. Se der vontade de cagar no chão, ele caga. Se der na telha tirar a roupa ele vai tirar.
Freios sociais desnecessários nós temos, sim senhor, somos burros com orgulho! 
Mesmo sabendo que as nossas estradas solitárias são diferentes, mas levam todas para o mesmo destino, com ou sem freios.

O insano é feliz porque é criança.
Não tem vergonha de brincar.
É feliz porque é inocente,
Nem sabe o que é crueldade. Mesmo quando faz uma "maldade".
É feliz porque não dá limites reais ao que é imaginário.
Sonha de noite, sonha de dia, sonha alto.

Dizem que o louco vive num mundo de louco, num mundo só seu, num mundo de sonhos em devaneios. Vai saber.  
E quem falou que o melhor é viver nesse "nosso" mundo "real" que de"nosso" não tem nada?

E nós  tão sãos , tão normais e tão centrados . . .
"Esse cara é um louco ! " - quantas vezes proferimos na inocência do nosso complexo de superioridade.

Deveríamos agradecer pelo elogio .
Levemente louco todos já somos nas nossas idiossincrasias de sermos sempre só nós mesmos e nossa minúscula visão da realidade.
Jamais poderemos saber como é ser John Malkovitch.
Por isso que eu admiro o Inri Cristo.
John Malkovitch numa interpretação incrível de Cristo.


Intimidade


Hoje acordei meio angustiado. Eu tava pensando essas coisas que todo mundo pensa quando acorda angustiado na Argentina: o sorvete do Freddo é bom pra caralho, ela é linda e eu vou morrer. E aí? E aí que eu fui pra cama com ela pela primeira vez. Então pensei: nossa, eu estou dentro dela, literalmente dentro.Isso sim é intimidade, não? Não.
Eu, pensando enquanto fazia sexo.
Sexo é bom e é íntimo, mas os pensamentos é que são o ápice da intimidade. Enquanto a gente se olhava(depois do coito, só pra constar... tá bom,adimito, ela não era muito solta e eu pensava durante também) eu pensava isso e ela nem desconfiava. Eu e ela, a gente se entende muito, mas essa intimidade, de saber como é o pensar do outro, tipo quero ser John Malkovich, a gente nunca vai ter. Não houve nem haverá pessoa quem tenha mais intimidade comigo que meus pensamentos.

Outro dia fui roubado. Eu ri. Louco... Um pouco. O cara ficou meio bolado. Mas é que eu tava pensando o seguinte: os meus pensamentos vc não leva, seu trouxa! Podem me tomar tudo, meus pensamentos não.

Outro mês aí perdi tudo na enchente de Friburgo. Foda. Mas meus pensamentos continuaram sendo meus. Modificados porém intactos. E por mais que digam que não, que eu sou artista, ou autista, e que sou escalafobético e tal, eu posso sim morar neles. Não preciso de casa não.

Meus pensamento são uma posse que não possuo de fato e por isso mesmo que eles são o que há de mais genuinamente MEU no mundo.
Pensamentos são a essência mais pura e verdadeira de quem eu sou. Posso inventar histórias da minha personalidade, de coisas que eu vivi, mas meus pensamentos sabem o que se passa.

Esse texto por exemplo, tudo mentira. Não transei com ela ontém, nunca fui assaltado e não sou de Friburgo. Enquanto mentia pra todo mundo que lia, meus pensamentos sabiam toda a verdade.
Verdade é que registrar meus pensamentos é uma forma de aumentar minha intimidade comigo mesmo, de me conhecer, uma forma de me manter consciente de como anda minha relação com o mundo... De fora e de dentro .

Registrar meus pensamentos é imortalizar um instante, e pelo menos por um instante acabar com essa angústia dos dias em que me sinto tão mortal.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Antes de ler, leia

AQUI!

A mentira mais verdadeira

"Que bela piada que ninguém entendeu. Atores amadores, que são tão profissionais, que nem sabem quando estão atuando. Que grande bagunça perfeitamente ordenada. Que jogo perfeito cheio de erros tão certos. O ser humano é uma sátira de si mesmo na grande piada da vida... A vida... Esta linda piada que ninguém parece achar graça."


Eu, Juan Gael Amenalba, interpretado por Alfred na Bocca Della Veritá, em Massachussets

Verdadeiras e belas ou mentirosas e feias as palavras sobre arte do poeta paraguaio, vendedor de 3 vezes do Premio Nacional de Literatura de Paraguay e vendedor de um prêmio Nobel de Literatura, Juan Gael Amenalba?

Verdade é que eu não consigo entender a razão pela qual, apesar de seu poder criador, libertador, tanto se fala de arte com ar de superioridade, como se a arte de alguma forma tivesse importância maior que qualquer outra distração que criamos na tentativa de dar significado à  essa vida.

Mentira é tentar viver qualquer mentira que não seja uma que faz sentido pra mim.

Quando se fala de arte e se define, ou se acredita definir, algo indefinível, ocorre o paradoxo de tentar cristalizar em palavras algo cuja condição primordial de existência é a impossibilidade de definições.
Por isso eu gosto dos apelidos. Tudo tem seu apelido.

O Homo Sapiens apelidado de acomodado, ainda não teve a perspicácia de perceber seu poder criador e sua decisão de gerar uma eterna corda bamba entre verdadeiro e falso. É fácil entender que para muitos acomodados também chamados de bonachões, é mais fácil aceitar que existem verdades absolutas do que ter em suas mãos o peso de ser criador.

Resta-nos, por outro lado, tentar entender o porquê de muitos bonachões, muitas vezes conhecidos como artistas, terem uma evidente (ou mascarada) tendência em considerar a ficção que o homem criou e apelidou de arte, uma mentira superior á qualquer outro teatro inventado pelo ser humano, aquele Homo lá, apelidado de Sapiens.

E o que temos aqui, na tela afinal? Seriam pensamentos soltos de alguém que não conseguiu dormir? Mentira! Uma reflexão para uma aula de filosofia? Ou talvez a verdade seja que estas palavras são uma adaptação de um poema conhecido de Amenalba?

Não importa à conclusão que se chegue,qualquer uma será tão verdadeira quanto às palavras do grande poeta paraguaio Amenalba, também apelidado de Franco Fanti, por sua vez apelidado de estudante do curso de Roteiro, de professor de inglês(entre muitos outros apelidos).

É verdade que Amenalba nunca foi um ser vivo que respira e anda por algum mundo fora da minha imaginação. Ainda assim é um tanto assustador e confuso quando me dizem que a verdade é: Amenalba é uma mentira.