quinta-feira, 11 de abril de 2013

A espontaneidade da transformação: porque e como escrevo





espontaneidade. vai tomar no cú, Patrícia! espontaneidade é fundamental. desculpa a agressividade, mas é que qdo pensei em espontaneidade pensei tb em escrever a primeira coisa que viesse a minha cabeça e isso foi: "vai tomar no cú, Patrícia!" se trata de um raiva incubada dentro de mim por algumas situações mal resolvidas com minha namorada que domingo, qdo esse texto for publicado, certamente vai ler, mas não sei se na condição de ex, ou de atual, não sei o que vai acontecer. tb mto certamente o fato de eu começar um texto mandando ela ir tomar no cú, não deve gerar uma resposta do tipo: "nossa, adorei a referência!" mas isso já será outra briga,  outro texto, outro contexto,  com ou sem texto, será outro momento.

o momento. escrever tb se trata do momento. é impossível escrever sem ser afetado pela discussão com a namorada, a direção da peça, a morte do pai, a escolha do distanciamento de um antigo amigo. quem leu meus 4 últimos textos respectivamente, pode perceber. ou talvez não, mas aí a burrice é sua que não percebeu... enfim, o momento.
pode ser que vc não ache q o mundo te afeta, ou não afeta o que vc escreve, mas escrever assim, como uma datilógrafa que digita mas não escreve, não tem nenhum sentido pra mim e vai contra o meu principio inicial. espontaneidade. o que eu escrevo só faz sentido pra mim, se eu me enxergo ali, se eu estou ali. senão o texto vira uma reunião de palavras bem escolhidas pra fazer uma obra linda e super bem escrita, mas que não sou eu, não é minha voz, não sou eu puto com a porra da minha namorada que me enche a porra do saco caralho!

daí minha implicância com poema. pelo menos o que me parece a forma tradicional de escrever um poema é escolher cuidadosamente as palavras e seus lugares. não que isso não possa ter sentimento, não que isso não possa ser vc e não que eu nunca tenha escrito assim...  chato pra caralho. só isso. tanto ler como criar.  é difícil pra mim colocar nisso espontaneidade. me acho pedante qdo escrevo assim. Fernando Pessoa, qdo ele não vem com aquelas rimas escrotas ou poemas de 7 páginas, eu consigo entender e acho legal. mas em geral nunca entendi bem. talvez eu seja burro demais pra poesia. foda-se tb. em geral acho chato pra porra.

("pra porra" e outros palavrões jamais estariam nesse texto se 3 dos meus amigos mais próximos no MOMENTO, camilo lobo, gabriel pardal e júlio reis, não fossem baianos e se eu não estivesse puto com minha namorada e se eu não tivesse ESPONTANEIDADE pra vomitar isso aqui.)

talvez escrever um poema ( na minha cabeça: chato, chato, chato) seja como escrever um roteiro e ou uma peça. exige técnica, estrutura. contar uma história  no cinema ou no teatro requer técnica e princípios, mesmo que seja pra quebrar os princípios e subverter a técnica. transformar uma idéia em alguma coisa, transformar alguma coisa em alguma outra coisa. transformar.

uma idéia pode se transformar em qualquer coisa: um roteiro, uma música, um quadro, um poema (chato, chato). depende da idéia, da sua habilidade e disposição pra tal. vejo ser artista como isso. essa coisa de transformar o que me dói ou me incomoda em alguma outra coisa. um cliché verdadeiro é que a verdadeira transformação tem que vir de vc, tem que ser espontânea. outro cliché, que diz que a arte é transformadora, faz todo sentido pra mim. transformar minha indignação com a burocracia do serviço público em uma sketch, transformar minha irritação com a superficialidade e falsidade de mta gente do meio do teatro em uma peça, transformar a minha raiva da minha namorada lá no início em um texto que termina assim:
Patrícia, vamos conversar? 
Eu ainda te amo.