sábado, 7 de dezembro de 2013

Lulu, igualdade, o homem objeto e o revanchismo.

Mulheres vingativazinhas, cuidado com o Lulu é o que tenho pra dizer, cuidado com o que ele pode representar.

No início de uma aula uma aluna loira sexy, que é uma gata sedutora por sinal, veio com as boas péssimas novas: I saw your Lulu profile, your grade is 7,5. Lulu tells the truth, that's bad for you.

Levei 7,5 na Lulu? Eu mereço muito mais poxa vida. Estou triste com o Lulu. Buá. 

Eu sei quem foi a única pessoa que me avaliou, afinal em quase 3 anos que namorava, só me envolvi com uma pessoa num período que me separei. Não me surpreende que justo essa moçoila tenha feito isso porque ela foi rejeitada porque acabei voltando com minha atual ex, mas também porque ela fez com que eu me sentisse um homem objeto. Explicando brevemente, eu não queria fazer sexo com ela, a gente mal se conhecia, mas ela ficou pelada, me deu vinho e me induziu a fazê-lo, como homens costumam muitas vezes fazer com mulheres. Parece deboche, mas foi o que rolou: ela só queria me comer aquele dia e conseguiu.




A gata me comendo por trás.


Pode ser que me digam que é uma tendência natural do mundo, que hoje as mulheres tem mais possibilidades de exercer um papel ativo em suas próprias vidas o que as leva a se conhecerem mais e serem mais livres para se sentirem bem pra seduzir com vinho e comer um macho. Sim, pode ser isso, mas se for esse o caminho acho melhor mudar a rota, gatas.

As mulheres estão caminhando pro lado negro do que é ser homem, o que inclui coisificar as mulheres, transformá-las em objeto. Essa é a minha implicância maior com o Lulu. 

Poderia usar vários argumentos pra explicar porque esse aplicativo é idiota e nefasto, mas a principal é a nota. Alferir notas para um ser humano, seu senso de humor, forma de beijar e performance no sexo, é transformar em números experiências humanas singulares, é coisificar humanos.  Dizem que esse app é uma grande piada, só que já se sabe que pra muitos não é. Não só minha aluna levou em consideração eu ter 7,5, como também alguns amigos idiotas ficaram preocupadíssimos com sua nota e alguns processos estão rolando. Tanto é, que já existe agora o Lulu fake, em que homens tem a possibilidade de "melhorar a sua reputação em menos de 24h"(sic)! 

Que fique claro antes que alguma feminista ortodoxa me ataque, que o comportamento coisificador é péssimo tanto pra mulheres quanto homens e é disso que eu quero tratar aqui. Esse aplicativo, a dita busca por igualdade e o próprio feminismo podem ser caminhos bem perniciosos.


Novo lançamento da IKEA, homem-mesa.



A Juliana M. Dias em um texto no Ornitorrinco disse que "feminismo significa uma luta por igualdade. Não precisa fugir dessa palavra, ela não morde." Gostei do texo e do que a Juliana escreve, mas discordo. Sim fuja dessa palavra, ela morde. 

Entendo que por serem históricamente subjulgadas e diminuidas de seu potencial humano só por um cromossomo de diferença, as mulheres devem lutar por direitos iguais.  A real é que se o mundo tivesse mais pessoas humanas, conscientes e lúcidas essa luta nem precisaria existir. Não é o caso, e a luta tem que existir, o problema não é a luta.

A primeira questão é que feminismo é uma palavra etimologicamente nociva, já que -ismo pode ser tanto definido como doença,  ou como com conjunto de crenças e doutrinas de um grupo, religião, doutrina, enfim, qualquer uma das opções é uma furada. Mais uma doença? Mais uma doutrina? Mais religião? Acho que já estamos legal disso tudo.
   
A gente também sabe que em uma doutrina ou filosofia existem várias correntes, como as feministas roots que não raspam o suvaco nem usam soutien muitas vezes por uma simples radicalidade adolescente de subverter, ou as que querem associar o ato de lavar louça à serem subjugadas, ou ainda algumas várias auto-denominadas feministas das quais ouvi mais de uma vez essa semana, que o Lulu é muito bom mesmo, porque é um aplicativo feminista(sic) e além do que é isso que os homens sempre fizeram com as mulheres(sic). Como é? Tá bom, aí você pode vir com o argumento de que essas pessoas "não te representam", acho um argumento fraco e sobra pouca gente pra te representar viu? Mas ainda sim o buraco é mais embaixo.

As estatísticas estão mostrando que, no Brasil, a exemplo do que ocorre na maioria dos países, a mulher é maioria nas escolas, tira as melhores notas e vai aumentando sua participação no mercado de trabalho. De cada 10 novos empregos gerados na região metropolitana de São Paulo, 7 são ocupados por mulheres. Quando a Dilma Rousseff foi eleita ela já era  a 18.ª mulher do Mundo com um cargo de liderança de um país, hoje já são mais.

Porque  a luta feminista não foca nos resultados positivos também? 
As feministas não comemoram situações como a do relatório da reforma de Previdência em que as mulheres tem tratamento vantajoso em relação aos homens?

E já que é benefício ninguém discute o direito da mulher de se aposentar mais cedo. Por quê? Nesse caso não se trata de luta por igualdade mais? Ou eu não entendi o que é igualdade? 
Direitos iguais, ok, tem homem hoje que cuida dos filhos e lava a louça enquanto a mulher trabalha. Tem mocinha que ganha um salário decente e acha #umabsurdo #chatiada se o rapaz não oferece pra pagar seu motel? Ah não, motel e camisinha não dá! Oi?? Que igualdade é essa que gosta de ser chamada de sexo frágil e só quer igualdade quando é conveniente? 



Eu estou avisando que esse caminho de machificar a mulher é escroto.


Na força bruta em geral vai ser difícil das mulheres derrubarem os homens, não existe igualdade mesmo e sou a favor de gentileza e cavalheirismo sempre, mas no que concerne a força em especial. Apesar de todas as discriminações, é uma infantilidade conveniente esse negócio de se chamar de "sexo frágil", especialmente em termos de saúde, todos sabem que a mulher tem expectativa de vida maior que a do homem.


E esses argumentos todos são em especial porque eu questiono: Pra que usar o Lulu? As mulheres querem criticar o comportamento objetificador dos homens, agindo da mesma forma, ou seja, só vale o sexismo e objetificação se a vítima é mulher? Substituir o machismo pelo feminismo? Mais doutrinas? Radicalismos? Ou melhor, lutar contra o machismo com o feminismo e com aplicativos idiotas? 

Vejo que vamos substituir um conjunto de crenças que prega a superioridade masculina por um outro conjunto de crenças. Vejo que vamos passar de uma sociedade que privilegia e beneficia os homens pra uma que privilegia as mulheres através de aplausos pra comportamentos revanchistas, risadas pro que escrotiza os homens e consentimento na desigualdade se for pro que beneficia as mulheres. 

Tudo isso só faz aumentar a dificuldade de entendermos que somos todos HUMANOS antes de mais nada, somos todos gente, gente! Se tem de haver uma luta ela é contra o machismo e não necessariamente a favor de mais um conjunto de ideologias que toca em pontos importantes, mas  que  quer buscar igualdade a acaba que mais reforça a "guerra" dos sexos. Let's make love, not war. 
Direitos iguais sim. Busca de igualdade: não. Se lutamos por igualdade que não seja por revanche, que estejamos cientes que isso trará ônus e bônus, mas que não sejamos iguais no que há de pior do que nos difere, por favor. Homens e mulheres não são iguais. E que bom.