domingo, 9 de agosto de 2015

Carta ao pai incompreendido

Pai,

Você por tantos anos me obrigou a ir aos domingos á igreja católica, fato este que tanto me revoltava. Te escrevo porque, ironicamente, através do líder dela, só hoje, aos meus 33 anos recém completados eu pude de coração comprender: a família é lugar de perdão, o perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração.

Não existe família perfeita, e você logicamente foi longe de perfeito.

Você não soube valorizar minhas conquistas e qualidades,
Você não soube demonstrar carinho,
Você com sua família secreta paralela magoou todos os lados dessa história,
Você tratava minha mãe como uma idiota e incapaz,
Você que era tantas vezes tão agressivo, mas não devia entender porque eu tinha medo de você...
Eu aceito, mais importante, eu perdoo.

Só hoje perdoo que seja por falta de palavras, ou por falta de recursos, ou mesmo por falta coragem, você teve atitudes que não explicou;
Perdoo que por falta de entendimento, ou por falta de amadurecimento, tantas das suas escolhas que me revoltaram e me entristeceram;
Perdoo que tantas das suas orientações, muito mais soavam como tirania a arbitrariedade.

Só hoje posso de verdade sentir amor por você porque aprendi a perdoar suas falhas, um ser humano.

Só hoje aos 33 anos, eu pude entender quantas vezes o que me parecia punição exagerada era só sua forma de dar aquele abraço e aquele afeto que tinha tanta dificuldade de dar. Mas entenda : certos caminhos que você escolheu só hoje aos meus 33 anos eu consigo vislumbrar de verdade e de vontade essa grande responsabilidade: ser pai. Agora entendo o quanto você foi. Depois de 13 anos que você se foi, você é meu pai, você ainda continua sendo, a cada lição que aprendo.

Então agora eu quero te agradecer.

Agradeço pelos tantos aprendizados e ensinamentos que vieram só depois de tantos anos da sua morte.

Dedico esta carta a você, meu pai, e a tantos pais que ja se foram, ou que ainda estão vivos, mas que restam incompreendidos.

Porque na verdade pai, neste dia dos pais, no qual eu tanto gostaria de te dar um abraço, é que eu compreendi tanta coisa. É pai, só hoje, quando me surge a real vontade de ser pai é que eu percebi que não se trata de compreender, mas sim de perdoar.

E hoje, meu pai, eu te perdoo.

Do seu filho,

Franco


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