segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ode ao Sim.

No.Nope.Niet.Nein.Iie.Non.
não.nãO.nÃO.NÃO.NÃo.Não.não.
NÃO!Ninguém quer dizer, ninguém quer ouvir. Poucos são os que não tem medo do não. Dizer NÃO é duro, é seco, é direto, é claro...É claro que a gente não quer ser claro, não é não?
Quase dizer não é bem mais fácil!É ou não é?
Pode ser uma não resposta, um silêncio, um vamos ver, um vou pensar, um te ligo pra confirmar, um a gente se fala, um a gente se vê, um a gente inventa um trilhão setecentas bilhões e quarenta ponto duas vírgula sete mil formas covardes de não conseguir ser direto pra dizer:Não.
Fato: quando eu tomo um NÃO na fuça eu quase sempre fico abatido.
Eu e todos vocês! Não?
Receber um não parece uma demonstração de poder dos outros sobre nós: poder de negar nosso pedido, sugestão, nossa oferta, poder de abater nossa auto-estima... Ou não?
Não, penso que não. Mesmo que seja um não pessoal contra mim, isso não deve ser razão pra eu negar o poder que há em receber um não... E ser sábio o suficiente para dizer sim para ele. Dizer sim é aceitar. Sim é estar aberto ao que vier... Ou não vier.
Já cansado de ver tanto não você se pergunta pra mim:
Pois não senhor, então será que posso ajudá-lo?
Talvez não.
Por favor, talvez: não! Talvez não é difícil de dizer, mas por favor, talvez, não! Talvez é omisso, é o comodismo de quem tem medo de definir. Talvez é muitas vezes a nossa covardia pra dar aquele não que... Não. Certamente não gostaríamos de receber. Talvez tem a falta de personalidade do que é, mas não é, tem a fraqueza de não ser “sim” e não ser “não”.Solenemente me ignorar e não dizer nada é também uma forma de dizer talvez, ok?
Não sei não... Mas parece que não entendi a moral disso tudo não.
Muito simples.
Peço: Tá na dúvida? Não sabe se tá afim?
Me diga não.
Prefiro ter que dizer sim a clareza do seu não, do que ter que lidar com a indefinição do seu talvez.


PS: 59,72 "nãos" formam utilizados na confecção deste texto. Nenhum dos "nãos" ou nenhum dos envolvidos sofreu nenhum mal trato físico ou psicológico na construção deste mesmo.

Não gostava de aniversário em 2008

Vinte e seis anos se passaram, e se o ano não tivesse sido inventado com 365 dias hoje teria sido mais um dia que eu vivi, mais um dia passado em branco. Mas hoje é “O” dia. Todo dia deveria ser o dia, mas insistem em me dizer que hoje é o dia. Hoje vão dizer que é o meu dia, mas não sinto que o dia é meu. Meus são todos os dias que vivi, que não podem ser mudados, e fazem parte da minha história. Hoje dou uma festa em minha homenagem, mas a festa é muito mais para os outros que para mim. Sinto que por muitas razões devo comemorar, mas não sinto que haja uma razão para tal comemoração ser só hoje. Não sei definir o que sinto hoje... Sei que sinto muito por muita coisa, sei que sinto muita coisa ruim que não deveria sentir, e apesar disto, sinto que tenho evoluído.
Sonhos se apagam, a determinação enfraquece, a coragem se acovarda, porque te dizem que hoje é o dia, e hoje é só uma vez... Em 365... Apenas um dia... Enquanto os outros dias passam.
Quando meu passado era mais curto, os dias passavam sem que eu percebesse. Muito tempo se passou e os dias não passam mais como antes, agora passo meus dias percebendo cada dia que passou. Passo ainda muito tempo a pensar no futuro e no passado. No presente, acabo pensando muito sem fazer, passo muito tempo perdendo meu tempo... Mas passo a passo tenho aprendido a compreender, a me conhecer.
Hoje é apenas mais um dia, mas hoje já sou adulto. Adulto e não compreendo porque às vezes não passo de um adolescente querendo passar por alguém diferente de mim mesmo para não passar despercebido. Adulto, mas tentando compreender porque tantas vezes sou tão infantil. Hoje é o dia, o dia que passei destas fases, porque hoje eu decidi crescer, escrever... Já havia deitado, mas decidi escrever. Não queria deixar a folha em branco justo no dia que percebi que hoje é sim o meu dia.
Hoje... E todos os dias que eu viver.

Sobre a distância

Leeds, Inglaterra- Crianças brincando com restos de bombas da 2nda Guerra.
Quando achavam minha inocência virtude, eu não sabia o que era inocência, nem sabia que eu era inocente. Parece que foi ontem, mas lembro que o que sou hoje estava há anos luz do que eu era então... Naquela época eu que achava que o que sou hoje para sempre seria amanhã... Se é que eu já achava alguma coisa então... Mas o que já foi amanhã é meu hoje, e ser inocente não é mais virtude.
Hoje a rua é igual, mas não é mais a mesma... A casa é a mesma, mas é diferente... Sou uma pessoa diferente, mas tão igual...
Quando eu sorria porque era simples, eu simplesmente não imaginava como seria fácil complicar minha facilidade de sorrir... E hoje estou aqui e vejo tudo á distância... Distante do dia em que ficar mais velho era motivo de comemoração, distante de uma visão de um mundo em que o pátio da minha escola era quase infinito, tudo era colorido e divertido, distante da diversão nas coisas mais triviais, distante de uma felicidade que brotava fácil e sem razão de dentro de mim... Distante, mas não poderia estar mais perto... A criança que fui no passado continua presente dentro de mim.

Não só hoje

Dizem que hoje é meu dia.
Não consigo imaginar um dia menos meu do que hoje.
A festa é sempre mais para os outros do que para mim. Não se lembrou?
Non ti preocupare! Não gosto de aniversários e não me ofenderia com você por isso.
Há algo de perturbador na celebração da minha vida. A comemoração de mais um ano de vida também me relembra que estou um ano mais próximo da morte. Um ano a mais de vida é um ano a menos de vida. Pessimista? Não. Realista.












Sou vaidoso, sem duvidas. Mas também não se trata de ficar mais velho.
Como ela bem disse: Perdas e Ganhos. Até aqui sempre que ponho na balança, o hoje é sempre meu auge. Talvez seja a percepção de que mais um ano se passou e pouco se fez. Pouco perto do que idealizei. Houve evolução,sim. Mas para um perfeccionista a evolução nunca é suficiente. Perfeição é utopia, burro sou eu que a persegue.
Ainda bem que hoje só acontece uma vez por ano.
Hoje dizem que eu posso tudo.
Acho que não gosto de hoje por isso...
Eu quero poder tudo todo dia,
Não só hoje.

domingo, 24 de abril de 2011

Foi apenas um sonho...

Que felicidade é essa?
Vender tempo pra comprar coisas.
Comprar coisas que não precisamos ter.
Temos dificuldade de perceber que vivemos coisas diferentes do que gostariamos de viver.
Por que?
Vivemos de tantas formas que não queremos.
Queremos vidas que disseram que a gente tinha que almejar.
Almejamos tão pouco perto do que realmente sonhamos.
Sonhamos...
Já houve um tempo em que sonhávamos e acreditávamos.
Aquele tempo que nossos sonhos eram nossos.
Tempo que nossos sonhos eram possíveis.






E sabe no que eu acredito hoje?
Acredito que se eu achar que felicidade é o que me ensinaram, chegará o dia bem lá na frente da minha vida e eu vou concluir...
Que minha vida não foi assim tão minha...
E que tudo que sonhei pra minha vida...
Foi apenas um sonho.

Gentileza gera....o que mesmo hein?

Hoje eu entrei no elevador. Na verdade eu já tava no elevador, eles é que entraram. Eu disse boa noite... Antes deles dizerem qualquer coisa. Eles se assustaram.
Tá bom, eu adimito, ela era gostosa e gata, mas não foi por isso. Eu deixei ela passar na minha frente porque só tinha passagem pra um. Sem e com aquela linda maldade de gavião no olhar, eu disse: primeiro as damas. Natural... não? Ela me olhou com medo.





















Ele tava andando todo torto e acabadinho, eu abri porta para ele e falei: por favor senhor. Ele ficou assustado e bolado me olhando.
Gentileza já gerou gentileza...
Hoje gentileza gera medo.