terça-feira, 23 de agosto de 2011

Lubrificante socialis

"É bom me iludir e pensar que sou assim tão rico... Tudo pareceu tão barato hoje, me senti tão generoso e de bolso cheio de repente. Outro fato curioso é que fiquei muito mais bonito do que minha mãe me disse que eu era... E muito mais inteligente também. E o interessante deste fenômeno é que sinto o mesmo sobre a XXXXX também, tão mais interessante! Tava linda hoje! Nem sei muito bem como cheguei aqui em casa, mas sei bem como cheguei aqui: Eu enchi a cara, e quando eu bebo, por um longo tempo a vida parece perfeita... Nada melhor que esse olhar turvo de bêbado sobre a vida. Ainda bem que meu estilo de bebum é o feliz, não é o chorão,ou o depressivo, ou o que ama todo mundo, ou o porrador. A felicidade brota de uma fonte inesgotável das profundezas de algum lugar profundo meu que eu sei inventar muito bem. É... Quando eu bebo eu me sinto muito bem, e me sentir muito bem é uma ótima razão pra justificar esse meu alcoolismo de quinta a domingo. Tudo bem. Ok. Admito. Quarta a domingo."
Essas lindas e poéticas palavras alcoolizadas são retrato do outro Franco, o demoníaco, o capeta em forma de guri, o Franco Solteiro.

Cachaça é um magnífico lubrificante social pra mim, eu fico MUITO legal e sociável quando bebo. Se você já me ama assim agora precisa me ver bêbado. Carisma puuuurooo! E quando eu estou na esbórnia fanfarrona de ser solteiro no Rio eu preciso ser muito carismático, entende? Se eu fosse lindarástico, ou se eu fosse filho do Eike Batista, como disse o poeta Camões, talvez eu tivesse R$6000 por noite pra alcool, engov e as interesseiras que vem com eles... Mas não é o caso. O caso é: vomitar dá muito trabalho e arde a garganta, ressaca dói e é chato, ser solteiro dá muito trabalho é desgastante, descapitalizante e não tem meu amor. Cansei, casei. Adeus, lubrificante socialis,parei de beber...













Não, Adeus é muito forte,não gosto de adeus. Até logo.

sábado, 6 de agosto de 2011

sabedoria

                                          Glósóli

saber é escolha. saber não tem hierarquia. saber sobre nietszche não vale mais que saber sobre jurisprudência. saber reconhecer um vermeer não vale mais que saber reconhecer uma flor. falando em saber, ainda não sei porque tanta gente acha que seu saber vale mais do que o do outro. não sei. não sei muito. nem acho que sei pouco. saber não tem medida, ou se sabe, ou não se sabe. o joão me explicou que é inteligente. eu perguntei porque. ele me disse que é porque ele estuda. assim o joão concluiu, logicamente, que um mendigo nunca poderia ser inteligente, só se um dia ele estudasse. e a mãe do joão sim sabe muito, porque ela se chama patrícia e já é adulta, e logicamente, como ele me explicou, ela sabe mais do que ele porque já estudou muito mais. escolhi saber muitas coisas, mas tantas outras nem me deram escolha, me educaram, e eu nem sabia porque eu sabia. nessa época eu era sábio. eu era igual ao joão, que é tão sábio que nem sabia quanta sabedoria há em ser criança.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Tudo o que eu faço



Já mudei de carreira 456,590046 vezes.(mentira, é só um exagero irônico)
estudei pra ser militar do IME e pra ser embaixador. seguir os planos do meu pai não estava nos meus planos. troquei.
fiz ciência da computação. tirei 96 em cálculo 1, mas tinha 0 ideia do que queria ser. casei.
fui morar em ny com ela. fui panfleteiro de rua, ajudante de garçom, bartender, cozinheiro, trabalhei em hotel. comprei tudo o que eu desejava. juntei dinheiro. até que percebi que descobrir o que eu queria ser não tinha preço. voltei.
fui garçom. servi meus amigos na boate da moda de petrópolis. serviu pra eu aprender que fugir no meio do expediente pra dormir no banheiro não é natural quando se gosta do que se faz. cansei.
fui estudar hotelaria, estudar línguas. fui recepcionista. me rebelei contra a escravidão proposta pelo meu chefe. propus cair na porrada com ele no dia que ele me falou por telefone que se estivesse no hotel me "meteria a mão na cara". ele não aceitou. me formei em hotelaria e ele me ligou pedindo pra eu ser gerente geral da pousada. eu não aceitei. mudei.
rio(não do verbo rir, a cidade maravilhosa). dei aula de português pra alemãs, dei aula de espanhol pra suíços e dou aulas de inglês pra brasileiros. divertido. mais nada.
mas nada, nada, absolutamente nada me deu esse prazer de terminar um roteiro. nada tão bom como terminar uma história. não sei se um dia vão me pagar quanto eu acho que eu mereço,porque eu mereço MUITO. mas já me deixa contente o fato de receber.
escrevo pra record. menosprezam o programa que eu escrevo. grande parte despeito e inveja, parte porque o programa é ruim mesmo(exceto nosso quadro). tô cagando. me basta rir sozinho e receber em dia por isso.(me basta receber em dia não por rir sozinho e cagar,mas por escrever)
depois de tanta andança e tanta mudança, entendi o valor da perseverança(só pra rimar, mas é verdade). aprendi algumas coisas também: odeio burocracia e formalidades, odeio escritórios, odeio ter horário e local de trabalho... quero ganhar cada vez mais e trabalhar cada vez menos. sempre que digo isso escuto os despeitadinhossemforçadevontadeauto-estimabaixa dizerem:
"ah! e quem não quer?"
ok. e o que você está fazendo pra conseguir isso?
eu sei o que já fiz. eu sei o que faço.
só que o que eu faço não é o que eu sou. o que eu tenho não é quem eu sou.
vá lá, escrever é um trabalho que me satisfaz. muito.
poderia ser lixeiro, advogado, hippie ou ator pornô. estivesse eu satisfeito com uma dessas escolhas, daria tudo na mesma no meu universo particular idiossincraticamente meu. mas, porém, contudo, no entanto, entretanto e todavia, escolhi outra coisa. escolhi escrever e terminar essa história. (esta história deste texto e esta história de troca de carreira, entendeu?bom trocadilho né?hein?hein?)
escrever: é só o que eu faço.("só" no sentido de é a única coisa e também no sentido de somente, simplesmente. bem bolado né?)
 the end...less work.