quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A porra do Lucas


Ha 12 anos atrás eu conheci o porra do Lucas. Não lembro o nome dele. Diego? Ou talvez Fernando? Eu não entendia o que era o Lucas quando o conheci pela primeira vez. Sabia que era um escroto, isso sim.

Sabe uma transa daquelas memoráveis? Só que ela é sua ex-namorada. Situação perigosa que a gente acaba sempre vivendo e revivendo. Acho louvável quem termina e termina mesmo. Eu poucas vezes fui assim, ainda mais se tratando dela, primeira namorada. Estranhamente, depois de um sexo animal, eu deitado na cama pelado e ela se levantou. Parecia estar com pressa e ansiosa. Era uma pressa discreta de querer me enxotar dali. Percebi o pezinho agitado, o andar de um lado pro outro, as indiretas, mas não entendia o porquê. Ela vai até o banheiro. O celular dela acende, uma mensagem: chego em uns 30 minutos. Não era Fernando esse Lucas, era Diego.

Fui pra casa e não me contive, liguei pra ela e percebi que ela estava monossilábica. Perguntei o que não queria ouvir: Ele tá aí, não tá? É por isso que você tá falando assim? Ela ter ficado em silêncio foi a primeira facada. Meu primeiro amor, achava de verdade que ia ter filho e envelhecer com ela e ali me dei conta que não, não ia. Desliguei na cara dela cheio de ódio. Tá achando o que?! Essa vagabunda. Uns cinco minutos depois (que hoje penso devem ter sido uns 30 segundos) Como assim? pensei eu no meu comportamento adolescente de 18 anos, Eu desliguei puto com ela desse jeito e ela não vai me ligar de volta? Não ligou. Bateu o desespero de garoto juvenil, liguei de novo e ameacei sério, falei que se ela não fizesse isso e aquilo outro "eu nunca mais fa-lo com você". E ela? Ela respondeu com uma indiferença humilhantemente dolorosa de quem já estava com o Lucas: Tudo bem.

O nó na garganta que eu senti aquele dia foi tão sólido que parecia que ia me sufocar. Liguei pra uma amigão meu pra afogar as mágoas e tentar aceitar o Lucas. Escrevi sobre aquele sentimento horrivelmente inédito numa folha de papel que tenho até hoje. Bem engraçada de ler. Hoje.

Lembro que esse mesmo amigão também já teve seu Lucas, lembro bem: ele ficou quase no mesmo estado de paralisia nó na garganta com o adicional que teve uma leve taquicardia. Estava ele andando acidentalmente pelas redondezas da casa da ex quando viu o carro dela parado. Um homem no lugar do motorista, e não era o pai dela. Nem o irmão. Putz. Foi logo depois do término, a ex dele com o babaca no carro, cheia de carinho, deitada no colo da porra do Lucas.

Talvez pra muita gente isso seja tranquilo, bom pra vocês Dalaies Lamases, Sidartas e Jesuses, mas uma das coisas mais difíceis depois de um termino é o Lucas. Em geral ele já está sempre rondando, e quando percebe que a carne foi abatida ele vem igual a um abutre atacar a carniça.

Há alguns meses atrás, num domingo a noite, acontece acidentalmente de eu estar com o celular da minha recente ex namorada na mão, e vejo no visor: Lucas chamando. E foi aí que eu surgiu a nomenclatura oficial de Lucas. Me dei conta naquele momento de quantos Lucas já tinham passado na minha vida. Quem é essa pessoa (homem logicamente,  porque nunca conheci umA Lucas) que liga pra MINHA mulher num domingo a noite? Ou que manda mensagenzinha dizendo que chega em 30 minutos? Ou que faz comentário cheio de gracinha no facebook e ela ainda por cima curte? Afinal, quem é essa porra de Lucas??

O escroto do Lucas é quem esfrega na nossa cara esse egoísmo de querer tudo só pra nos, nossa mesquinharia, nossa pequenez de não querer aceitar que ela não foi e não é nossa propriedade. O primeiro erro eu ja sei: MINHA mulher. Não é mais e nem nunca foi. Mas é muito fácil a gente cair na imbecilidade de achar que possui o outro, tanto durante, quanto depois de acabar um relacionamento. Isso de achar que é seu, só seu, e que vão te pedir autorização antes de ficar com ela, e de que ela vai estar pra sempre na sua. A própria linguagem já contribui, o pronome é possessivo e a gente acaba sendo também.

Se terminou e você já está em outro relacionamento, bem e tranquilo, é pouco provável que você se importe com o Lucas. Mas o problema é um pouco mais grave se o bosta do Lucas entra na jogada antes de você arrumar uma Lucas na sua vida. Dá uma certa dorzinha de cotovelo maior se você não arrumou uma Lucas antes da sua ex receber uma ligaçao do puto do Lucas num Domingo a noite.

O segundo erro tá ai: é presumir que o Lucas é muito mais do que é, é dar mais valor e poder ao Lucas do que ele tem. Na hora que li no celular dela "Lucas chamando" imaginei um cara mais bonito, mais interessante, mais rico e que já estava fazendo um sexo mais gostoso do que eu fazia com ela e que a porra do Lucas era mais doce que a minha. Sim ele pode ser tudo isso e ok, ele pode ser o mais novo romance dela, mas também pode ser nada disso. Das 2 maneiras não faz diferença, terminou está terminado. Mas mesmo assim a tendência fácil é voltar pra essa loucurinha juvenil egoísta de querer possuir só pra si.

Não posso ser assim injusto com Lucas, já vi casos de casamentos sendo salvos por causa dele. Porque um dos dois arrumou um Lucas, a outra parte percebeu o quanto amava ou vice versa. Por outro lado também  já vi ele ajudar pessoas a terem mesmo certeza que acabou, quando como conheci uma Lucas no trabalho e percebi que não queria mais estar num relacionamento que, não fosse essa Lucas, poderia ter sido um inferninho bem mais longo ou até pra sempre.

Ok, ok. O lucas não é de todo mal e justo uma das coisas boas do Lucas é isso: ele não é pra sempre.
Ele pode pra sempre existir num curto período pós-términos, mas ele sempre passa.
Hoje já até consigo ver o Lucas com outros olhos sabia? O Lucas passa. O Lucas já passou.
O Lucas é desagradável, mas tenho que admitir que o Lucas me faz uma pessoa melhor a cada vez que eu aprendo a ter mais recursos para lidar com essa situação de término.
Obrigado Lucas...
aproveita e vai se fuder seu filho de uma puta.
Eu, no dia que soube da porra do Lucas a abandonei minha ex(ao fundo) de vez. 



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