quarta-feira, 8 de abril de 2015

Em busca do verdadeiro amor




























Ando em busca do verdadeiro amor. Lendo esse título é difícil não pensarmos imediatamente no amor, em amar e sermos amados, difícil não associarmos esse amar e sermos amados, ao romance entre duas pessoas, a um relacionamento. E se não aos amantes então associamos o verdadeiro amor aos pais, a um filho, ao melhor amigo, enfim, aos mais próximos e queridos. Mas o verdadeiro, mais sublime e difícil amor de se cultivar não é o desses exemplos.

No uso diário desse amor que eu vou falar aqui neste texto, quase todos nós somos bem medíocres.
Quando uso medíocre, eu não quero dizer com a conotação negativa que essa palavra carrega, mas medíocre no sentido literal de estarmos assim, meio marromeno, meia boca, bem aquém do nosso potencial máximo de amar.

Hoje sigo o a linha do Mestre Irineu do Santo Daime, e este caminho me torna uma pessoa ais doce. Mas penso que acima de qualquer religião existem princípios e exemplos que se seguidos fariam a existência de todos melhor e mais fácil, e se é bom pra todo mundo, é bom pra TODO o mundo. Já frequentei inúmeras religiões, de Umbanda, passando por Budismo até Metodistas, posso dizer que peguei algo de positivo de todas. Um destes exemplos, é o personagem de Jesus.

Digo personagem porque pouco importa se você não acha que a história da bíblia é real, se Jesus existiu de fato, se você é ateu ou pastor evangélico, acima das nossas crenças e fé deveriam importar os exemplos e ensinamentos de amor que podemos tirar desta entidade e de sua história. Fiquei pensando na profundidade e utilidade de:

Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei. 

Se nós amássemos aos outros, de verdade, como nos amamos, tenho certeza que o mundo seria melhor.  Essa compaixão e paciência que estou aprendendo a ter com meus erros, minhas ausências e minhas mesquinharias, quero cada vez mais ter com as falhas e vacilos dos outros. Mas sabemos quem nem todo mundo se ama, e muita gente nem sabe disso, então tratar um completo estranho como eu me trato? É difícil.

Se nós amássemos aos outros, pelo menos como amamos nossa família, nossos amigos, não tenho dúvida que a vida seria mais justa pra todo mundo. Mas tratar um desconhecido como tratamos nossos mais chegados? É bem difícil.

Aí você começa a dirigir e pensa nisso tudo. Um otário te dá uma fechada violenta no trânsito. Você olha a revista na banca e vê aquele filho da puta milionário que deu propina para um político desgraçado que usou dinheiro público pra comprar a ilha dele em Angra onde dá festas regadas a MUM e putas, e quando chega na repartição pública uma vagabunda te atende muito mal e tem uma má vontade escrota pra te ajudar a resolver o seu problema. Eis uma ótima oportunidade. Com certeza a gente não sentiria a mesma raiva do otário, do filho da puta, do desgraçado e da vagabunda, se eles fossem respectivamente seu pai, seu irmão, seu melhor amigo e sua mãe. Estranhos que nos causam ódio mereciam a mesma paciência e compaixão que a gente tem, ou tenta ter, com os nossos mais chegados e queridos, com nós mesmos.

Agora imagine um bilionário que explora seus funcionários ao extremo para acumular mais e mais para si e pros seus, resolve olhar o seu empregado do mais baixo escalão com o mesmo carinho e generosidade que olha pros seus filhos, pra si mesmo. E aqui não falo de dar mais grana ou dar bens materiais, porque seria fácil demais e seria pressupor que todas as pessoas alcancem a plenitude buscando e satisfazendo seus desejos materiais. Imagine um olhar desse milionário para esse funcionário, um olhar de estar verdadeiramente preocupado com que esse ser humano atingisse o que quer que fosse sua idéia de plenitude e prosperidade. E aí imagine que esse mesmo empregado tem o mesmo olhar pro seu empregador. É desse amar que eu falo.

Porque no amai-vos uns aos outros não existe hierarquia, mas quando a gente vê um exemplo de poder e opressão a gente pensa sempre que só com o oprimido que temos que ter compaixão e amor, o opressor que se exploda. Somos todos iguais, todos fazemos coco, todos temos que respirar pra viver, estamos todos conectados e não há olhar de baixo pra cima ou de cima pra baixo. Somos todos humanos, estamos todos aqui, juntos, vivos, co-existindo de forma as vezes mais direta, as vezes mais indireta, mas sempre parte de um só filme onde o que quer que eu altere na minha parte da história eu altero a sua parte da história, eu altero o filme todo. Por isso disse que considero esse amor o mais sublime de todos, porque esse de fato requer paciência, superação, doçura e amor acima da média, amor bem acima do nossa forma medíocre de amar.

Eu tenho buscado esse amor, um exercício, diário, constante e infinito ainda mais morando em uma cidade tão cheia de gente como São Paulo. Acho que por mais surreal que pareça, se eu conseguir amar um estranho que me irrita como amo os meus, ou pelo menos tentar este caminho, estou concretamente contribuindo pra que haja alguma melhora no mundo. All we need is love. Imagine se todos amassem uns aos outros assim... Se pelo menos tentassem... E que tal começarmos por mim e por você? Pensando e agindo assim a partir de agora?

Dedico este texto ao otário da Land Rover preta que há 2 horas atrás me deu uma fechada na Aimberé com Heitor Penteado e ainda me mandou ir tomar no cu.
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