segunda-feira, 25 de março de 2013

Once in a Lifetime

Craig David. Once in a Lifetime. eu nem sabia o que significava esse título. mto menos pensava que estava vivendo esse título.
ouvi essa música agora que me fez quase sentir o cheiro e a sensação do ar frio cortante na minha cara em uma noite do inverno de 2002 em um carro conversível de capota aberta ouvindo essa mesma música com meu ex-cunhado vendo o Chrysler Building e outros prédios gigantes iluminados de NY na Lexington Avenue.



numa época em que as coisas não eram assim tão registradas com a facilidade de um celular no bolso, pronto pra tirar uma foto, fazer um video, resta minha memória. que é falha. fragmentos de um ano que vivi em NY. sinto saudade daquele frio detestável na minha cara. momento sem igual. literalmente sem igual. um ano que eu nao sabia que seria um ano. a idéia era ir. voltar nao sabia quando. talvez jamais. por isso do choro dos meus amigos e meu na despedida no aeroporto.
e por isso do meu choro em forma de texto agora.
o que foi jamais volta.

sou um saudosista. meu saudosismo é tão extremo que me dói pensar que qualquer algum momento específico que sinto saudade jamais vai ser revivido. parecido? talvez. igual? de novo? jamais. nao se trata de ser pessimista ou de ser depressivo

(apesar de que eu tenho 5 dos 9 sintomas que caracterizam depressão, apesar de ser esta pessoa incrivelmente carismática e superbamente bem humorada que vc sabe, não sabe?)

e achar que nao vou viver mais momentos tipo um café da manhã no IHOP com minha família que foi me visitar lá e meu sobrinho com 2 anos cantando "O Carla ", sucesso do Brasil de um tal LS Jack que eu nunca tinha ouvido falar.

(apesar de que sim vou viver momentos do tipo, ou mto possivelmente até melhores, esse que acabei de falar nao vou viver de novo)

minha tristeza tb reside no fato de que pouco registro dessas histórias eu tenho. vagas lembranças, imagens, poucas fotos, alguns cheiros, um ou dois sabores. nada concreto. como se fotos fossem mais concretas. não são e nem acho isso. fotos pra tentar guardar algum momento são um desastre. fotos desse tipo são apenas uma ilusão de que a gente pode parar o tempo, salvar um momento especial, congelar aquela sensação, repetir quantas vezes a gente quiser. é a história de cruzar o rio: você só tem 18 anos em NY uma vez. NY só é NY através dos seus olhos de 18 anos uma vez.
revisitar aquele lugar, aquela vista, aquele momento, aquele cheiro, aquela sensação do vento cortante frio de NY na minha cara... jamais.

nao é que eu nao viva o presente. to escrevendo aqui. agora. agora sou só isso que escrevo e adoro estar aqui presente. mas quando lembro de algo que JAMAIS viverei de novo é como entender que a vida pode ser isso. só uma mesmo. sem replay, sem ensaio, uma apresentação da peça, uma vez
desses pontos de virada, desses "climaxes"(nao sei o plural dessa porra) como cada momento desses.
só um mesmo.
como o detestável vento frio na cara em NY quando se tem 18 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário